segunda-feira, 17 de abril de 2017

Crítica - Gaviã Arqueira: Vingadora da Costa Oeste

O Gavião Arqueiro nunca foi dos heróis mais populares da Marvel Comics. Imagine então sua parceira feminina Kate Bishop, a Gaviã Arqueira, que tem como principal ídolo o herói Clint Barton. Porém, mesmo sem todos os holofotes do mundo virados para eles, o escritor Matt Fraction, responsável pela série mensal Hawkeye, resolveu dar uma importância maior à heroína. E a saga, originalmente lançada em 2013 nos EUA, chegou ao Brasil pela editora Panini, que trouxe a história solo dela no encadernado Gaviã Arqueira: Vingadora da Costa Oeste, que reúne as edições 14, 16, 18 e 20 de Hawkeye e Hawkeye Annual 1.


A história começa em Nova Iorque, com uma discussão entre a heroína e seu tutor Clint Barton, o Gavião. A garota não aguenta mais os problemas em que o herói se mete e resolve ir para Los Angeles e se ver livre da vida confusa que tem. Totalmente inconsequente, ela é pega em uma armadilha pela vilã Madame Máscara logo no começo da trama. Sem muita experiência no combate ao crime, ela se vê tragada em uma história com mensageiros malignos de hotel, floriculturas, policiais gorduchos e velhos tarados.


Antes mesmo da metade da trama, Fraction introduz na história novos personagens, que passam a ser os melhores amigos de Kate em Los Angeles. Ela os conhece assim que se estabelece em sua mais nova casa. Eles são dois homens negros de meia idade que estão prestes a se casar. É um tapa na cara de quem acha que histórias em quadrinhos não são lugar para mensagens políticas e sociais. A história é leve e não foca, em absoluto, em mensagens de inclusão, mas coloca uma mulher e um casal homoafetivo sob os holofotes de uma divertida saga, inserindo a diversidade da melhor forma possível na trama.

E enquanto faz o papel de criar um ambiente menos conservador, Fraction mantém “diversão” como a palavra da vez. Kate enfrenta problemas sempre com o pensamento de super-heroína, mas não consegue se firmar como uma. Ela é impulsiva, esquece as possíveis virtudes dos rivais e se envolve em mais problemas do que consegue dar conta. Um retrato excelente de uma jovem adulta que acabou de sair da adolescência.


Durante o encadernado inteiro, enquanto busca um dinheirinho para sobreviver em Los Angeles, ela persegue e ao mesmo tempo foge de sua Nemesis, em uma história linear. A cada capítulo (cinco no total), o foco é em uma trama menor, mas que de alguma forma está ligada à principal, o que não cansa o leitor, já que há variedade de personagens e de subtramas. O desenvolvimento da personagem é muito interessante e a ligação que faz com os personagens novos é muito boa.


Gaviã Arqueira mostra à Marvel que o problema atual da editora não é a diversidade. Caso fosse, uma personagem derivada do Gavião Arqueiro, que tem na trama coadjuvantes negros e gays, jamais daria certo. Fraction soube fazer uma história divertida e intimista, mostrando que não é preciso explodir o mundo e usar os maiores vilões e heróis para se fazer uma história. Ele fez um thriller de ação bastante interessante, colocando frente a frente uma heroína atrapalhada e uma vilã cartunesca, criando um spin-off de um dos heróis mais divertidos da Marvel nos dias de hoje.

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