quarta-feira, 26 de abril de 2017

Crítica - Deadpool: Caçador de Almas


O mercenário tagarela Deadpool certamente ganhou o filme que merecia em 2016. Com diálogos metalinguísticos, referências aos atores dos personagens e com muitas piadas, a adaptação fez jus às boas histórias do anti-herói. Infelizmente, Deadpool: Caçador de Almas não foi capaz de trazer para o papel o bom humor que o personagem trouxe para a tela. O encadernado tem 140 páginas, com roteiro de Gerry Duggan e Brian Posehn. 

Ao contrário das melhores histórias do Deadpool, as que fizeram dele um personagem único, essa é muito linear e engessada. O tagarela é tão adorado porque ele não sabe o limite dos quadros, “sabe” que é um personagem de quadrinhos, conversa com o leitor. Nesse arco, nada disso acontece. Há uma piada ou duas, como quando ele bate a cabeça ao saltar de um prédio e se pergunta “como o Batman faz isso parecer tão fácil”. Há humor, mas não é tão divertido.


A trama é uma continuação do encadernado anterior “Meus Queridos Ex-Presidentes”. Naquela publicação, a história é mais ridícula, mas no bom sentido, e tem foco no mercenário enfrentando presidentes zumbis americanos, invocados com a intenção de salvar a pátria. Desta vez, temos Deadpool em uma missão simples. Ele precisa matar seis pessoas que fizeram pacto com a entidade demoníaca Vetis. Para isso, ele comete atrocidades em quadros bem sangrentos. Nada verdadeiramente exagerado. Quem está acostumado com o personagem não vai achar nada fora do comum.

A história é contada em duas partes. A primeira, publicada originalmente em Deadpool #7, tem arte de Scott Koblish e se passa na era de ouro dos quadrinhos, segundo o próprio personagem. Ela traz traços imitando histórias antigas do Homem-Aranha e mostra o Deadpool em uma introdução ao arco principal, com a participação do Homem de Ferro da época que teve sérios problemas com bebidas alcoólicas (referência ao clássico “O Demônio na Garrafa”). Esta primeira parte é mais interessante, com piadas, referências e metalinguagem.


Já o arco principal, que reúne Deadpool dos números 8 a 12, com arte de Mike Hawthorne, flui de forma previsível. A história tem algumas reviravoltas, mas são lineares e, por isso, decepcionantes. Não há quebras de quadro, ou nada verdadeiramente interessante. Há um momento que vemos como é “dentro” da cabeça do mercenário, mas é um museu velho e sujo. É conservador demais para um personagem que costuma conversar com o leitor. Faltaram surpresas e ideias mais “fora do quadrado”.


Deadpool se encontra com Homem-Aranha, Demolidor, Jessica Jones. São muitos crossovers e o anti-herói consegue tapear todos os participantes especiais. Mesmo assim, o roteiro não é muito inspirador. O lado positivo fica mesmo para o visual. A arte é bonita do começo ao fim. Outra coisa boa é que a edição da Panini está caprichada, como todas dos encadernados Nova Marvel. Pena que o roteiro ficou aquém do que promete. O personagem merece mais, com um roteiro mais ousado.

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